Quem tem um carro na garagem certamente percebeu que o valor desse bem está cada vez maior. Nós nunca tivemos aumentos tão expressivos nos preços dos automóveis – pelo menos desde 1994, quando o Plano Real foi implementado e freou o fantasma da inflação.
Com isso, tenho escutado muitas pessoas relatarem situações em que ganharam dinheiro com o carro, já que o valor da venda de hoje tem sido superior ao de quando ele foi comprado. Mas será que estamos mesmo ganhando dinheiro com nossos carros ?
o automóvel da minha esposa valorizou 17% nos últimos 12 meses, enquanto o preço do meu subiu 14% no mesmo período. Sendo assim, ambos valem mais hoje do que no ano passado – e cresceram acima da inflação, que foi de aproximadamente 9% nesse período.
Caso eu decida substituir um desses carros por outro mais novo, ficarei com a impressão de ter ganhado com eles no momento da venda, mas a conta não é tão simples assim. Basta ver que praticamente todos os outros modelos de veículos também tiveram seus preços corrigidos, portanto também teria que pagar mais caro hoje do que no passado.
Um cliente me chamou e disse que ficou surpreso ao saber que o Jeep Renegade que comprou comigo em 2019 está valendo mais do que pagou, e com isso teve a ideia de vende-lo e comprar uma picape mais nova. Infelizmente, joguei um balde de água fria quando disse que o modelo desejado também está custando mais do que no passado.
Você já deve ter escutado alguém falar que carro não é investimento, mas sim um bem de uso. De fato, o carro é um bem que sofre com ação do tempo e de uso, que exige manutenção e gastos com impostos anuais, o que afasta essa ideia de investimento. Mas nem sempre foi assim para algumas pessoas. Nos piores períodos de inflação no Brasil, quem tinha dinheiro sobrando e espaço na garagem comprava carro mesmo que não o utilizasse como meio de transporte.
Era melhor tê-lo parado na garagem e esperar por sua valorização do que ter dinheiro no bolso sendo corroído pela inflação. Porém, não acho que o atual momento é para tanto. A inflação teria que ser ainda maior do que está para voltar.
Então, por fim, no momento atual, os carros continuam sendo bens de uso e não bens para investimento.
Fonte: UOL
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